Á direita, o Eusthenopteron, peixe extinto de nadadeira lobada, relacionado aos ancestrais dos tetrápodes. 20 milhões de anos depois, surge o Ichtyostega (à esquerda).

Relação filogenética entre organismos atuais - tubarão (a), celacanto (b) e peixe pulmonado (c) - e tetrápodes extintos: do aquático Eusthenopteron (d), 385 m.a.a., ao terrestre Eryops (g) 295 m.a.a. As cores semelhantes mostram os ossos correspondentes."

Nós, tetrápodes - vertebrados com membros locomotores terrestres -, surgimos há cerca de 400 milhões de anos, em uma evolução das mais bem documentadas da ciência. Foram encontrados muitos fósseis de transição entre nadadeiras lobadas e membros plenos. No entanto, como acontece em narrativas evolutivas, a palavra “transitório” é enganosa, pois todo organismo vive plenamente seu modo de vida, como atesta o sucesso dos atuais Caudata. Salamandras e tritões modernos preservam modos de viver anfíbios semelhantes aos dos primeiros tetrápodes. Igualmente, é um engano referir-se à irradiação tetrápode - a “conquista da terra” - como um prêmio na corrida evolutiva. Os primeiros tetrápodes, apesar de desenvolverem membros, incluindo mãos e dedos, viveram imersos em um ambiente aquático, e muitos voltaram a viver nesse meio, como é o caso dos atuais golfinhos e baleias. A evolução dos cetáceos espelha admiravelmente a evolução tetrápode, mas de “de volta à àgua”. Da mesma forma, vários tetrápodes (como as serpentes e as cecílias) perderam seus membros locomotores, mesmo vivendo em terra.

Descoberto em 1971 na Escócia, Pederpes é um importante fóssil totalmente terrestre, em uma época (340 m.a.a) onde vertebrados eram raros em terra firme.

Com ombros de peixe, o Acanthostega vivia na água, derrubando o mito de que os membros surgiram para a locomoção terrestre.
Curiosamente, esse ser possuía 8 dedos em cada pata, em vez dos usuais 5 máximos dos tetrápodes
modernos.

A descoberta do Tiktaalik, que viveu há 375 m.a.a, forneceu
uma importante evidência da transição das nadadeiras
lobadas (figura à esquerda) para os membros
totalmente formados (à direita).

Todos achavam que este peixe pulmonado e de nadadeira lobada, o Coelachantus, estava extinto há milhões de anos, até um pescador achar um exemplar em 1939. Um “fóssil vivo” que ilumina a evolução tetrápode.